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Toxoplasmose e Desinformação

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por Dra. Raquel Vitarelli Kladt

Como médica veterinária, sou frequentemente solicitada a dar orientação a proprietários de animais de estimação a respeito da toxoplasmose. Tenho observado que a grande maioria das pessoas ainda possuem muitas dúvidas sobre como os animais domésticos podem transmitir a doença ao homem. Infelizmente, muitas pessoas tem me procurado para se desfazerem de seus animais domésticos, por ordem médica, para evitar que contraiam a toxoplasmose. Esta atitude é tomada apenas com base em preconceito e desinformação, pois uma pessoa que ossue animais em casa corre o mesmo risco de contrair a doença do que quem não os tem. Assim, vou tentar esclarecer alguns pontos sobre a toxoplasmose, sem, no entanto, aprofundar muito no assunto.

A toxoplasmose é uma doença provocada por um protozoário, o Toxoplasma gondii, e pode afetar quase todos os vertebrados terrestres, incluindo o homem e também animais domésticos, como: galinha, boi, porco, ovelhas, cães e gatos.

Felizmente, hoje, a maioria dos animais e também dos homens desenvolveram uma imunidade natural contra o Toxoplasma gondii. No entanto, algumas mulheres podem nunca ter tido contato com o Toxoplasma e não possuírem imunidade, neste caso, se elas contraírem a doença nos dois primeiros terços de unia gravidez, a toxoplasmose pode provocar abortos espontâneos, natimortos ou defeitos congénitos. O Toxoplasma gondii é uma importante causa de doença e morte em pacientes com câncer e AIDS, justamente por estes pacientes apresentarem o sistema imunológico debilitado.

Em animais de produção, a toxoplasmose pode causar perdas econômicas, por provocar aborto, mortalidade neonatal e defeitos congénitos.

O Toxoplasma gondii é transmitido principalmente de três maneiras:

bolinha-cor2.gif (870 bytes) -  infecção transplacentária;

bolinha-cor2.gif (870 bytes) -  ingestão de alimentos ou água contaminados com oócistos esporulados de
fezes de gatos;

bolinha-cor2.gif (870 bytes) -  ingestão de carne crua ou mal cozida contendo cistos teciduais.

A infecção transplacentária ocorre somente se a mulher adquire a infecção primária durante a gestação. Além disso, mulheres que transmitiram a infecção para os fetos, numa gestação anterior, não representam risco para gestações futuras.

O gato e os felídeos selvagens são os hospedeiros definitivos do Toxoplasma gondii, visto que são os únicos nos quais se completa a fase sexuada do ciclo deste parasita. Por isso, são os únicos a eliminarem oócistos nas fezes. Por este motivo os profissionais de saúde se preocupam tanto com os gatos na transmissão da toxoplasmose. No entanto, hoje sabe-se que a grande maioria da população felina apresenta uma boa imunidade contra o toxoplasma e seu papel na transmissão da toxoplasmose tem diminuído bastante, pois os gatos que possuem imunidade contra a toxoplasmose não excretam oócistos.

O gato tem o hábito de enterrar suas fezes. É muito fácil ensinar o gato a defecar sempre em uma caixinha de areia. Então, para evitar que o seu gato de estimação possa transmitir toxoplasmose para uma pessoa, você só terá o trabalho de tirar as fezes com uma pá especial da caixinha de areia, sem ter contato direto com as fezes. Para evitar a toxoplasmose, basta ter hábitos higiénicos normais.

Também, é importante lembrar que os oócistos excretados nas fezes dos gatos só se tornam infectivos após esporularem, o que ocorre em média três dias após a excreção nas fezes. Normalmente, as pessoas limpam as caixas de areia dos gatos todos os dias e, assim, não há esporulação dos oócistos nas casas das pessoas que possuem gatos. Mas, preste atenção aonde você irá jogar as fezes do seu gato; lembre-se de que estas fezes podem contaminar o ambiente, apesar de, hoje, poucos gatos eliminarem oócistos nas fezes, mas é sempre bom tomar cuidado.

O principal papel do gato na transmissão do T. gondii está na sua capacidade de contaminar o solo com grande número de oócistos; assim, as pessoas sob risco deveriam usar luvas ao mexer com a terra, para evitar conta/o com esses oócistos. Frutas e verduras devem ser cuidadosamente lavadas antes do consumo, pois podem estar sujas de terra contaminada.

Os gatos não transmitem a toxoplasmose através do arranhões ou mordidas.

Atualmente, a principal via de transmissão do Toxoplasma gondii é através da ingestão ou do simples contato com a carne crua ou mal cozida contaminada com cistos teciduais. Isso ocorre principalmente com a carne do porco, mas também pode ocorrer com a carne de boi; frango, carneiro e cabrito. Cuidado com aquela carne mal passada de churrasco, essa é uma via de transmissão da doença muito mais comum do que a ingestão de alimentos ou água contaminados por fezes de gato. Depois de manipular a carne crua, a pessoa deve sempre lavar as mãos e nunca levar as mãos sujas da carne aos olhos.

Como a maioria dos gatos se infecta pelo consumo de carne contendo cistos, aos gatos de estimação não devem ser dados carne crua, vísceras ou ossos, e deve-se evitar ao máximo que saiam de casa para caçar. Para isso, a castração é recomendada, pois faz com que o gato permaneça mais em casa, além de evitar a reprodução descontrolada, com conseqüente aumento da população de gatos carentes, que também podem ser transmissores de doenças, pois geralmente não possuem donos e não são vacinados, vermifugados etc.

Também é importante lembrar que os cães não transmitem a toxoplasmose. Porém, alguns cães, atraídos pelo cheiro forte, desenvolvem o hábito de ingerir e rolar sobre fezes de gatos. Este comportamento foi denominado xenosmofilia e possibilitaria a transmissão pelo contato com a pelagem de cães que vivem em áreas muito contaminadas.

Agora que você já conhece todas as principais vias de transmissão da toxoplasmose, você sabe que apenas mantendo bons hábitos higiênicos você pode evitar a doença e não precisa ter medo de criar o seu gato de estimação. Mesmo portadores do HIV ou pessoas com câncer, as quais são muito sensíveis à toxoplasmose, podem e devem ter seus animais de estimação sem problemas. Seria muito pior para estas pessoas afastá-las de seus animais de estimação, devido à situação normalmente de carência que se encontram.

MARTINS, C.S. & VL4NA, J.A. Toxoplasmose - o que todo profissional de saúde deve saber - Revisão. Clínica Veterinária. v. 15. n33-37. 1998.

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Revisado: 26 de Dezembro de 1999.
Eduardo Andrade Coelho

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